sexta-feira, 31 de outubro de 2014

De volta à casa do Oleiro

Nestes últimos dias sinto que o Senhor tem desejado mais da minha presença junto Dele. Costumamos dizer que Deus não precisa de nós para continuar sendo Deus e que nós é que precisamos Dele para continuarmos existindo. Isto é fato. Mas acredito que o Pai deseja ter seus filhos sempre por perto e se alegra com a companhia deles.

Às vezes, em meio a tantos afazeres e situações, ouvir a voz de Deus parece tão difícil! Sua voz parece ser sufocada pelo barulho das ondas, do vento e dos trovões que vêm com a tempestade em alto mar. Mas aí vem o Espírito Santo, tão forte, mas ao mesmo tempo tão sereno, e toca tão profundamente, que Sua presença torna-se irresistível e tudo ao redor parece ser reduzido a nada. De repente, somos só eu e Ele, juntos em um aconchegante abraço. E aí, sim, posso ouví-Lo claramente a dizer: "Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras" (Jeremias 18:2).

Ao ouvir Sua voz me chamando para descer novamente àquele lugar, meu coração é tomado pelo medo de se submeter a mais um processo doloroso. Mas ao me lembrar que cada experiência ali é única e surpreendente, já me sinto recompensado, me rendo, e desço à casa do Oleiro.

Mal entro pela porta, já sinto meu coração quebrantado. O Oleiro está esmiuçando o barro que compõe todo o meu ser, tentando sentir com Suas mãos as pedrinhas que precisam ser arrancadas para que o vaso não estoure.

Enquanto sinto Seu toque, minha memória, involuntariamente, resgata momentos, feridas, saudades, gerando sensações que enchem os meus olhos de lágrimas. Mas então vejo o Oleiro sorrir, arrebatando meu coração, minhas emoções.

Ouço Seus ensinamentos. Suas palavras me confrontam, sim, mas me motivam, me encorajam, me fazem sonhar e me apaixonar.

Às vezes parece que vou escorregar por entre os Seus dedos, mas Ele é tão cuidadoso!

O Oleiro olha para mim com tanto amor! Em Seus olhos posso ver a expectativa do vaso terminado, sendo cheio de um azeite puro, que se multiplica até transbordar.

Não sei por quanto tempo ainda devo ficar aqui. Ainda há muitas arestas a serem aparadas, pedras a serem arrancadas e brechas a serem eliminadas. Mas creio que o Oleiro está me preparando para ser um vaso útil em um banquete. Passar pelas mãos do Oleiro é doloroso, mas estou convencido de que Aquele que começou a boa obra em mim, é Fiel para completá-la até o fim (Filipenses 1:6).

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